quarta-feira, 8 de junho de 2016

DESTAQUE DA IMPRENSA

Artigo publicado pelo jornal notícias, diário de maior circulação do país, no dia 08 de Junho de 2016, o qual dava conta da conversa que tive em torno da literatura infanto-juvenil, com crianças de algumas escolas primárias e secundárias.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

REGISTO DO DIA DA MULHER MOÇAMBICANA

CELEBRANDO O 7 DE ABRIL – Dia da Mulher Moçambicana, na residência oficial do embaixador do Brasil em Moçambique, sua excelência Rodrigo Baena Soares, demos o "hoyo—hoyo" (boas vindas) a ministra brasileira das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes. Aproveitamos o momento para debater assuntos relacionados à vida da mulher e empreendedorismo.

COMEMORANDO O 10º ANIVERSÁRIO DO KENY

Da esquerda para direita: a empresária Natividade Bule, a minha neta (Malyka), o aniversariante, eu, e a minha amiga Lurdes, mãe do Keny.

sábado, 16 de abril de 2016

DURANTE O LANÇAMENTO DA OBRA NDINEMA VAI À ESCOLA

Director do Centro Cultural Brasil-Mocambique, Dr. Gabriel Borges, saudando os presentes e apresentando a escritora Paulina Chiziane que fez a apresentação da obra NDINEMA vai à Escola.

FOI MUITO IMPORTANTE PREENCHER UM VAZIO QUE EXISTIA NA MINHA VIDA

No dia da celebração do 58º aniversário da vila de Mandlakaze a 09 de Novembro, vila onde aprendi a falar a língua portuguesa aos sete anos e entrar numa escola primária, foi muito importante fazer uma exposição das minhas obras e oferecer alguns livros da minha autoria ao Município na pessoa da sua presidente a sra. Maria Helena Langa, para ela fazer entrega aos bairros sobre a sua jurisdição. Tive oportunidade de oferecer mais cerca de duzentos livros de outros autores como forma de incentivo ao gosto pelo livro e pela leitura.

OS DOIS RATINHOS

Aventura dos ratinhos Roy e Ray
O ratinho Roy vivia numa toca num dos cantos de uma rica vivenda no centro da cidade das acácias.
Engordava de dia para dia pela boa comida que roubava na despensa. Roía o queijo, bolachas, amendoim e tudo mais que lhe apetecesse.
Vivia com muita fartura, o que fazia dele um personagem muito especial.
Sempre que o roedor surripiava mantimentos, deixava cair migalhas no chão, o que servia de chamariz de formigas e de baratas.
Mimi, a dona da mansão já não sabia o que fazer para acabar com os bichinhos que assaltavam a sua casa. Várias vezes pulverizava com inseticidas, porém quando acreditava que já exterminara os nojentos insectos, para seu espanto, lá via baratas e formigas jornadeando pela casa.
Roy o inescrupuloso morador da mansão, sempre se esquivando das caçadas dos seus banqueteadores, vivia uma vida muito regalada.
Era Verão, num fim de manhã em que o sol estava abrasador, Roy decidiu dar um passeio para se refrescar e, atraído pela brisa refrescante, sem se aperceber, foi caminhando até ultrapassar o limite do terreno à volta da mansão.
Sempre andando, esquivando-se dos carros, motorizadas, bicicletas e pessoas, sorrateiramente, atravessou a zona dos prédios e sem se dar conta de que estava a sair da cidade, para espanto seu achou-se no meio de um enorme matagal com capim alto e muita vegetação, o que o deixou muito assustado, pois antes nunca tinha estado no mato. A sua vida tinha sido toda na cidade.
Caminhava lentamente contemplando e deliciando-se daquele ambiente estranho mas que a sua frescura o enchia de prazer quando a dado momento a sua frente vê um ser da sua espécie.
 Era um ratinho semelhante a si, mas muito maltratado. Muito magro, pele um pouco enriçada com um ar muito triste espelhando dificuldade de vida que enfrentava. Cruzaram-se os olhares e ambos ficaram bastante curiosos e maravilhados.
A curiosidade cantou mais alto e aproximaram-se um do outro.
Desculpa amigo, és tão parecido comigo! Quem és?
Sou um rato e chamo-me Roy.
Prazer em conhecer-te Roy, eu chamo-me Ray e vivo ali mais adiante numa bela toca e tu onde vives?
Eu não vivo numa toca. Vivo numa bela mansão onde não me faltam queijo e pão. Queres vir comigo para conheceres, amigo? 
Quero sim amigo, eu nunca saí desta mata. Conversaram bastante passeando pelo campo e apresentou-lhe as maravilhas e a tranquilidade em que vivia.
Levou-o a conhecer os animais com que convivia, ratazanas, coelhos, macacos, borboletas e muitos outros.
Encantado, por sua vez Roy convidou Ray para conhecer a sua casa, o que ele aceitou de imediato. Caia já o crepúsculo, com muita propriedade atravessaram matagal entrando na cidade já iluminada. Foi um verdadeiro martírio. Tinham que se esquivar de carros e pessoas que circulavam em todas as direcções.
Ray ficou maravilhado. Apesar da dificuldade de circulação, nunca antes imaginara tamanha beleza. Os reclames luminosos e todo o colorido da cidade eram o máximo para si. Tinha vivido sempre no mato e nunca imaginara tamanha beleza e sorrateiramente entraram na mansão
Os donos da casa dormiam e Roy muito confiante, levou a amiga a visitar a despensa onde se deleitaram roendo tudo o que lhes apeteceu até não poderem mais.
Todos os dias, os dois amigos visitavam a despensa onde comiam e depois levavam o que pudessem.
Ray andava eufórica não pensava sequer retornar a mata. Havia até perdido o medo inicial de visitar a despensa . Circulava na casa sozinho e apoderava-se do que quisesse.
Certa noite, convencidos de que os donos da casa dormiam, o Roy tomando a dianteira entrou na cozinha, desta vez atraído pelo bom cheiro de uma carne assada. Atirou a tampa da panela para o chão e meteu a cabeça para o seu interior sem se dar conta da presença do esposo da Mimi, o Vitendo.
Com mestria, o Vitendo pegou num pau de vassoura e com muita força bateu no ratinho Roy que de imediato caiu estatelado.

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A COBRA GOGODO


– Karingana wa karingana...
Karingana!
– Karingana wa karingana…
Karingana!


Entre a aldeia de Chaguala e a povoação comercial onde se situavam as lojas, o posto de saúde e a escola, encontrava-se uma densa mata na qual havia uma árvore denominada intsondzo,  que escondia um grande perigo.
Gerações e gerações conheciam a fama do perigo daquela pequena intensa mata. Haviam desaparecido dezenas de pessoas, especialmente  crianças que não tinham acatado o conselho dos pais, de não passarem por ali.
Falava-se de bruxaria e muitos outros mitos, que ninguém desmistificava.
 A única certeza era a de ser muito perigoso passar-se por ali.
Muasse, uma senhora que tinha vindo parar àquela aldeia não se sabia vindo de onde, vivia sozinha numa palhota a cair de velha.
 O caniço que servia de parede já apresentava fendas enormes por onde um cão ou mesmo uma pessoa pequena podia penetrar sem grandes dificuldades. Por alguma razão obscura, a pobre mulher não gozava simpatia da vizinhança, que nutria por ela um grande desprezo por causa do aspecto, talvez pelo rosto marcado de chagas e cicatrizes. 
Ninguém entrava naquela casa.
Certa vez, um grupo de crianças que brincava nos arredores da casa da velha Muasse, sentindo sede, entrou na casa para pedir uma caneca de água, pois estavam cheios de sede e o sol queimava muito e já não suportariam chegar mais longe.
 Solícita, a idosa deu água fresquinha aos petizes e não só, deu-lhes também a comer uns amendoins cozidos e secos de que os meninos se deliciaram e muito gostaram. O ambiente foi tão terno que os meninos ganharam a simpatia da velha. Já tinham ficado um bom tempo, quando viram que se tornara tarde e, agradecidos, despediram-se :
- Muito obrigada, avozinha. Esta conversa está muito boa, mas temos que seguir caminho, antes que escureça e viremos vítimas do gogodo.
- Quem é gogodo, meninos?
- Não sabes, avó? Lá mais adiante existe uma enorme árvore onde uma cobra muito grande, frequentemente, pica a cabeça e a pessoa morre na hora. O pior é que a árvore está situada junto a um estreito carreiro, tendo do outro lado uma escavação muito grande. As pessoas da aldeia com alguns caçadores, já por diversas vezes tentaram caçar e matar o bicho mas não conseguiram.
- Oh! Meus meninos. Eu nunca tinha ouvido falar nisso!
 Na verdade eu vivo sozinha não tenho amigos e não tenho quem me conte nada. Muito obrigada, meninos, eu vou estudar como ajudar a exterminar essa serpente.
No dia seguinte, a mulher solitária teve a ideia de cozinhar uma papa. Ainda bem quente, meteu-a num pote que carregou na cabeça, e meteu-se pelo caminho que ia dar à árvore de gogodo...


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